É preciso saber rir.
A boca
deve estar levemente suspensa
como no
terceiro minuto do amor.
entreabertos e agitados
os
lábios deixam espreitar os dentes atentos.
Depois,
rir deve
ser o prenúncio da tempestade.
Deixa
trepar o isófago o estampido do estômago.
O
coração estremece,
os
pulmões hirtam-se como águia de bico em flecha
e os
braços arrancam do abdómen
o
primeiro estrondo da tempestade.
Finalmente,
a cabeça
separa-se do corpo
e
irrompe por aí
desfeita
em gargalhada.
Carlos
Cardoso (1985)